VÍDEO: briga em campo vira investigação sobre injúria racial no Paraná; protocolo antirracista foi acionado durante o jogo
Jogador denuncia ser vítima de injúria racial de adversário e o agride durante jogo Uma briga em campo durante um jogo de futebol virou uma investigação po...

Jogador denuncia ser vítima de injúria racial de adversário e o agride durante jogo Uma briga em campo durante um jogo de futebol virou uma investigação policial que apura o crime de injúria racial. A partida ocorreu no sábado (4) em Guarapuava, na região central do Paraná, e era válida pela Taça FPF (da Federação Paranaense de Futebol), que disputa vagas na Copa do Brasil. As imagens da transmissão oficial registraram a situação. Assista acima. Paulo Vitor, do Nacional Atlético Clube (time de Campo Mourão), deu um soco no rosto de Diego Gustavo Rodrigues de Lima, do Batel Guarapuava. Na sequência, PV foi reclamar com o árbitro que Diego o xingou de "macaco" logo antes, e disse que ele reagiu com a agressão. O protocolo antirracista foi acionado, o jogo foi interrompido e a situação foi registrada em boletim de ocorrência. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 PR no WhatsApp Em entrevista à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, Diego negou a ofensa racial e disse que falou outra palavra após PV cuspir na cara dele. Em nota, o Batel anunciou que desligou Diego após a situação. O jogador é contratado do time Laranja Mecânica, de Arapongas, e estava emprestado para o time de Guarapuava por 90 dias. O g1 entrou em contato com o Laranja Mecânica, e aguarda resposta. O Nacional Atlético Clube emitiu uma nota afirmando que repudia qualquer ato de racismo, e que o crime não pode ser tolerado. A Federação Paranaense de Futebol disse que combater o racismo é um compromisso da FPF, e que os atos foram encaminhados ao Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná, para julgamento. Veja as notas na íntegra mais abaixo. Ao g1, a Polícia Civil afirmou que instaurou um inquérito para investigar o crime de injúria racial. "Os jogadores, que teriam se desentendido proferindo xingamentos, foram ouvidos. A equipe policial segue em diligências analisando imagens e coletando informações a fim de esclarecer a dinâmica do ocorrido", disse a corporação. LEIA TAMBÉM: Acidente grave: Duas pessoas morrem e 23 ficam feridas em acidente entre ônibus fretado por família e caminhão, no Paraná No mesmo dia: Motorista morre e PR-151 é bloqueada após caminhão tombar e cabine ser esmagada contra mureta Veja também: Força-tarefa resgata casal em condição análoga à escravidão no Paraná: 'Estavam com a saúde debilitada' Agressão foi filmada pela transmissão oficial da partida Reprodução O jogo A situação aconteceu aos 41 minutos do segundo tempo. Após a agressão, Diego caiu no gramado sangrando e precisou ser atendido pela ambulância. PV foi expulso por ter dado o soco no adversário. O jogo ficou parado ao todo por 17 minutos, entre o atendimento a Diego e o tempo de espera para a chegada de uma nova ambulância. A partida terminou em 1 a 0 para o Batel, e eliminou o Nacional-PR da disputa. A Taça FPF vale vaga na Copa do Brasil 2026 e reúne 10 times, entre eles Athletico e Coritiba, que estão disputando com elencos alternativos. Protocolo antirracismo O protocolo antirracismo é um procedimento previsto pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ele foi implementado no final de 2024 após uma recomendação da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa). Em agosto do mesmo ano, a federação internacional emitiu um posicionamento global sobre o assunto, detalhando o procedimento. Veja, abaixo, o que diz a cartilha de orientações: Fifa elaborou um protocolo a respeito de casos de racismo ocorridos em campo Reprodução Etapa 1 - parar a partida Um jogador que é alvo de abuso deve usar o gesto contra o racismo para sinalizar o incidente ao árbitro, capitão ou ao oficial da equipe. O árbitro que observar ou receber uma denúncia deve usar o gesto contra o racismo para sinalizar o incidente e decidir se deve ou não parar a partida. O Oficial da Competição também pode observar ou receber uma denúncia de abuso. Nesses casos, deve comunicar ao árbitro a necessidade de interromper a partida, e o árbitro decidirá se deve ou não parar o jogo. Em caso de paralisação, um anúncio deve ser feito no estádio para informar a todos os motivos da partida ter sido parada, e que se o incidente não cessar a partida será interrompida. Etapa 2 - interromper a partida Se o incidente não cessar após o reinício da partida, o árbitro deve interromper a partida e instruir ambas as equipes a retornarem aos vestiários. Um anúncio deve ser feito no estádio para informar a todos o motivo da interrupção da partida, e que se o incidente não cessar a partida será cancelada. Etapa 3 - cancelamento da partida Se o incidente não cessar após o reinício da partida, o árbitro deve cancelar a partida. Isto só acontecerá após consulta com as autoridades e especialistas relevantes, e somente quando for seguro cancelar. Notas oficiais Veja, abaixo, as notas oficiais emitidas pelos envolvidos na situação: Batel Guarapuava "O Batel Guarapuava informa que, após apresentar-se às autoridades competentes em relação à ocorrência registrada na partida de ontem, contra o Nacional, o atleta envolvido foi imediatamente desligado de suas atividades e não integra mais o elenco profissional do clube. O Batel reafirma seu compromisso com o respeito, a igualdade e os direitos humanos, repudiando veementemente qualquer forma de preconceito, racismo ou discriminação. O clube continuará colaborando integralmente com as autoridades, para que os fatos sejam esclarecidos e as medidas legais cabíveis sejam devidamente aplicadas". Nacional Atlético Clube "O Nacional Atlético Clube vem a público manifestar seu total repúdio a qualquer ato de racismo. Durante a partida deste sábado (04), válida pela 3º rodada da Taça FPF 2025, no minuto 40:57 do segundo tempo, o nosso atleta PV foi vítima de uma ofensa racista praticada pelo jogador nº 8 da equipe do Batel, Diego. O racismo é crime e não pode ser tolerado em hipótese alguma. Esse tipo de atitude fere não apenas o nosso atleta, mas também os valores do esporte e da sociedade. O clube repudia com veemência qualquer ato discriminatório e reforça seu compromisso na luta por um futebol limpo, justo e igualitário, onde respeito e dignidade sejam prioridades. Esperamos que os órgãos competentes tomem as medidas cabíveis e que casos como este não se repitam". Federação Paranaense de Futebol "Combater o racismo é um compromisso da Federação Paranaense de Futebol. Repudiamos o ocorrido na partida entre Batel x Nacional pela Taça FPF neste sábado (04), em Guarapuava. Após uma situação de jogo que causou confusão na área, o zagueiro do Nacional acabou expulso por agressão contra um jogador do Batel, ao supostamente reagir a uma injúria racial, desferindo um soco no adversário. O árbitro da partida, Diego Ruan Pacondes da Silva, seguiu o protocolo global antirracismo da FIFA, com o gesto característico dos braços cruzados, sinalizando o ocorrido, e a partida ficou parada por cerca de 18 minutos. Racismo não! A FPF mantém campanhas permanentes antirracismo nos estádios (com placas, cartazes e faixas), no site e redes sociais e lançou em 2005 um vídeo explicativo sobre o protocolo da FIFA contra o racismo. Também reiteramos nosso posicionamento contra a violência no futebol, dentro e fora dos gramados. Os atos desse sábado serão encaminhados e julgados pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná". Vídeos mais assistidos do g1 Paraná: Leia mais notícias da região em g1 Campos Gerais e Sul